segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Arquivo histórico: em 2009, reportagem sobre Prado Veppo (patrono da cadeira nº 6) Jornal A RAZÃO

A reportagem contou com o apoio de Máximo Trevisan:

Há 10 anos, Santa Maria dava adeus ao médico e poeta Luiz Guilherme do Prado Veppo. Era 13 de agosto de 1999, quando, vítima de complicações cardíacas, morreu no Hospital de Caridade de Santa Maria. São 10 anos, que parecem hoje. Pois, a obra do poeta está sempre viva entre nós.

“Prado Veppo é o patrono da Cadeira nº6 da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupada por mim. Fiz um trabalho sobre a vida e obra dele para a ASL. Ele foi um grande poeta de Santa Maria. Recebeu várias homenagens, entre elas, a Medalha do Mérito Cultural Prado Veppo, que é dada pelo Poder Legislativo, como uma distinção cultural para personalidades literárias da cidade. Creio que, de certa forma, isso fez com que Santa Maria desse, publicamente, o testemunho do valor merecido de Prado Veppo. Acho que a obra de Prado Veppo não foi ainda descoberta totalmente e merece ser. Ele foi um santa-mariense que assumiu a cidade como sua”, diz o presidente do Fórum das Entidades Culturais de Santa Maria, Máximo Trevisan.

Prado Veppo recebeu, também, uma homenagem do Conselho Municipal de Cultura, com o lançamento do primeiro DVD do projeto Construtores da Cultura de Santa Maria. “O trabalho traz a vida e obra do poeta e era para ser colocado em todas as escolas municipais. Mas não foi. Agora, deixo como sugestão para a prefeitura, que, em comemoração aos 10 anos da morte de Prado Veppo, seja dado para todas as escolas do município. Isso fará com que o poeta seja conhecido por todas as gerações e que eles saibam o patrimônio literário que é Prado Veppo”, sugere Máximo, que na época do lançamento do DVD, era o presidente do Conselho. “Não basta só lembrar, mas sim tornar acessível a vida e obra do poeta para novas gerações”, complementa.

Luiz Guilherme do Prado Veppo nasceu, em Porto Alegre, no dia 21 de junho de 1932, filho único de Altino Paim Veppo e de Alba Rosa do Prado Veppo.

Desde cedo, aos 14 anos, já trabalhava. Começou como contínuo da Companhia de Seguros de Vida da Previdência do Sul. Nessa época, à noite, cursava o ginásio no Colégio D. Pedro II. Em 1950, foi morar em Uruguaiana, onde cursou o científico no Colégio Sant’Anna. Quatro anos mais tarde, decidiu retornar a Porto Alegre e tentar uma vaga em medicina, realizando o vestibular na UFRGS, ficando, então, como segundo suplente na lista dos classificados. Isso fez com que Prado Veppo liderasse, entre os excedentes, a criação do Curso de Medicina de Santa Maria, que estava em fase de implantação. Com o sucesso na campanha, conseguiu ser um integrantes da primeira turma do Curso de Medicina da UFSM. Neste período, trabalhou como jornalista no Diário do Estado, e, mais tarde, no jornal A Razão.
Em 1960, formou-se e foi morar em São Paulo, ficando, durante dois anos, fazendo residência na Escola Paulista de Medicina, mas sem nunca parar de produzir poeticamente.

Quando retornou a Santa Maria, isso em 1962, assumiu a profissão de médico, e tornou-se professor do Curso de Medicina da UFSM. Sua primeira publicação foi neste mesmo ano com o livro Alba tempo e rosa.

O seu segundo lançamento veio em 1964, O andarilho, quando, também, casou com Zélia Maria Braga e teve dois filhos: Alba Tereza e Luiz Guilherme do Prado Veppo Filho.

Ainda nos anos 60, publicou três poemas na coletânea Apresentação da poesia santa-mariense, e começou a integrar-se às promoções do Grupo de Vanguarda Cultural da cidade, responsável por encontros, exposições, publicações e shows de música popular. Já, Espada de Flor, seu terceiro livro, foi lançado em 1975.

Sua primeira publicação, nos anos 90, foi Passos do vislumbre, em 1994. Um ano mais tarde, editou o livro de poemas Os breves. O lançamento das obras O girassol azul e Quarteto in prosa e verso, em parceria com Orlando Fonseca, Humberto Zanatta e Vitor Biasoli, aconteceu em 1996. Dois anos depois, publicou Cavaleiros da vida e da morte, que fazia parte das comemorações dos 35 anos de fundação do Curso de Medicina de Santa Maria. Neste mesmo ano, voltou a figurar na obra coletiva Quarteto in prosa e verso, com Orlando Fonseca, Humberto Zanatta e Vítor Biasoli.

Compositor - Prado Veppo não figurou somente entre os escritores gaúchos. Foi também grande compositor de música nativista. Em 1981, em parceria com Luis Carlos Borges e o Grupo Horizonte, compôs O bugio, e ganhou o título de canção mais popular na II Tertúlia de Santa Maria. Durante esse período, compôs ainda o hino para o Colégio Coração de Maria e as canções Meu poema mais brasileiro, com música da professora Ellen Rolim e Onde fica Uruguaiana, com melodia do professor e maestro Frederico Richter.

Em 1990, conquistou o primeiro lugar com a composição O açude, na Coxilha Nativista de Cruz Alta, com melodia de Mário Barros.

A música Decisão, letra de sua autoria e música de Ellen Rolim, interpretada por Gelson Manzoni integrou, em 1992, o LP, denominado Musipoemas, uma coletânea, que reunia músicos, poetas e compositores de Santa Maria.

Premiações e homenagens – Santa-mariense de coração, Prado Veppo recebeu, em 3 de maio de 1985, o título de Cidadão de Santa Maria, da Câmara de Vereadores. Neste mesmo ano, ganhou o prêmio Mérito Literário da Associação Santa-Mariense de Letras e, em 1997, foi patrono da 26ª Feira do Livro de Santa Maria.

Em 12 de dezembro de 1999, amigos de Prado Veppo, em sua memória, lançaram o projeto Nosso Amigo Veppo, uma homenagem em forma de espetáculo artístico-musical realizada no Theatro Treze de Maio. Da homenagem, resultou um livro e um CD, com poemas, na íntegra, do escritor.

Obras do escritor
- Alba tempo e rosa – Santa Maria, 1962
- O andarilho – Santa Maria,1964
- Espada de flor – Santa Maria, 1975
- Passos do vislumbre – Porto Alegre,1993
- Os breves – Santa Maria, 1995
- Girassol azul – Santa Maria, 1996
- Quarteto in prosa e verso – Santa Maria, 1996
- Cavaleiros da vida e da morte – Santa Maria, 1998

A terapia

Se não fizesse versos
Enlouqueceria.
Minha saúde mental
Depende da poesia.

Se não fizesse versos
Me suicidaria.
Só na estrofe retorna
A perdida alegria.

Só no poema ultrapasso
O limite do tédio.
Para o poeta, a metáfora
É o único remédio.

FONTE: http://santamaria-rs-brasil.blogspot.com.br/2009/09/prado-veppo.html

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